terça-feira, 7 de outubro de 2008

Todas as histórias são iguais


O frio daquele dia em janeiro era um pretexto para que minhas pernas tremessem. Na verdade, o contato extra-sensorial, o encontro do brilho dos olhos, os ciclistas passeando, as crianças fotografando, envolto de um sentimento de prazer por estar ali, mexia comigo de tal forma que tudo o que eu mais almejava naquele momento era não piscar, não queria perder um minuto sequer de toda aquela magia.
O senhor de boina já de idade avançada cujo olhar de resignação me encabulara. O croquete na vitrine suada de calor. A fotografia. Na retina, cada movimento. Na pele, cada toque.
A questão de histórias se desenrolarem de maneira inesperada é, de fato, muito curiosa. Ora elas são recheadas de planos, ora desatina o senso de realidade racional. Certa vez, me disseram que sempre sobra aquela velha nostalgia. Clichê bem verdadeiro. Mas o rolo desse filme queimou, antes que a história terminasse. Filme sem expectativas, nenhuma memória guardará metades.
Lá se encontram novamente os dois, sentados naquele mesmo quiosque. Com a loja de cartões postais caros. Exatamente como antes.
Talvez janeiro transforme-se em setembro. Talvez não esteja tão frio naquele lugar nessa época do ano, as pernas dessa vez não tremerão. Não terá ciclistas, muito menos o velho resignado. Os atores mudarão, mas o enredo não. Começará e terminará da mesma forma. E de um lado, o sentimento de tristeza corroerá. Porque todas as histórias são iguais.

2 comentários:

Anônimo disse...

nenhuma historia é igual a outra, nem o sentimento.
as vezes se tem apenas lugares em comum.
as vezes não se deve fazer comparações pra não 'substituir' o que foi bonito.
:)

Anônimo disse...

all the stars are fading away, vitor.